No ato,
agarrado,
arranha a pele
como amante

Na rua,
transeunte,
foge da moça
para a moita

Desocupa?

Das linhas soltas
Escritos dos dias
Quero a experiência
Depois
Registro

O tempo
pinga
E eu
na pia

No vai
me vem
Ardor
Ardente
Ao dente

Sara cura
Sarará
dessa vontade
de cabelo liso
Se já tem
cabelo lindo

Vá dia
Para a noite
Habitar

Beija-flor
com seu bico
se lambuza

De moça
tenho
em conserva

Abril

Perdeu-se

Em passarinho tiro não dou
Prefiro deixar voar
No meu quintal gaiolas não quero
Também sei passarinhar
Asas tenho
Beija-flor do cerrado sou
Ou sabiá-laranjeira?

Passarinho apareceu
Pousou na minha janela
e assoviou
E eu, como menina
banhada em cachoeira,
me encantei com aquela estrela
que na Capadócia ele colhia
Mas passarim não tem parada
Insistiu em bater asa

Como filha de Marta
Tenho a urgência de Martha

Preto
Pardo
Noturno

Nunca gostei de gatos

O corpo pesa
Inclina-se à gravidade
Cai
Duro e fundo

Em Pasárgada habito o Vilarejo de Marisa.

Alma ariana!
Não aguenta mais do mesmo
Grita pelo novo
Clama na memória.
Contradição cotidiana
de quem vive entre
o passado e o futuro.

O corpo-ar mergulha
para se tornar corpo-água.
Contudo, é fogo que não se apaga
e dança em labareda.

Ando.
Vadiagem solitária
Com a face exposta
aos maldizeres noturnos

Gota a gota
Conta-gota
que caiu
Snif

Um caso
de acasos
corriqueiros
com
acasos
de casos
corriqueiros

Encontra-se
moça
em conserva.